terça-feira, 11 de outubro de 2011

Mulheres e pugilistas... em Cabul

Em 2007, a HOM lançou um projeto prevendo a a criação de classes de boxe destinadas às afegãs. Através deste desporto - o mais masculino de todos -, a organização pretendia aumentar a auto estima e a confiança das afegãs, habituadas aos cânones de uma sociedade predominantemente masculina, e contribuir para a igualdade de género na sociedade afegã. O seu sucesso provaria pois que, no Afeganistão, as novas gerações são abertas e permeáveis às mudanças sociais.

Tareq Azim, vice presidente da HOM, é o mentor deste projeto. Em 2004, ele partiu para o Afeganistão no dia seguinte a ter-se licenciado na Universidade Estatal da Califórnia (Fresno). "Depois de perceber o que estava a acontecer no Afeganistão, convenci-me de que tinha a resposta para a paz - comunicação e confiança", recorda Tareq Azim. "Comecei a aplica-las e comecei a usar a minha energia para coisas positivas.

Pugilista profissional nos Estados Unidos - onde é conhecido pela alcunha "pashtune", numa referência à sua etnia, maioritária no Afeganistão -, já representou o Afeganistão nos Jogos Asiáticos, nos Jogos Sul Asiáticos e nos Jogos Pan Americanos. "Eu queria mostrar ao mundo que o Afeganistão está pronto para uma mudança positiva através do desporto e de uma atividade dominada por homens - o boxe. É preciso que a humanidade acredite para que um país como o Afeganistão se erga sobre dois pés: um pé masculino e outro feminino", diz Tareq.

O lançamento do projeto não foi isento de dificuldades, mas Tareq conseguiu que cerca de 30 jovens afegãs participassem assiduamente nas aulas. Os treinos decorriam no ginásio do Estádio Nacional de Cabul onde, outrora, os talibãs realizavam execuções públicas.

Tareq Azim orienta um treino


Para Tareq Azim, a adesão de jovens afegãs ao seu projeto foi a suprema compensação. "Após ter planeado o lançamento da Federação Afegã de Boxe Feminino foi-me dito, várias vezes, por muita gente, que as pessoas não iriam permitir que eu fizesse tal coisa. E mesmo que não haveria afegãs interessadas. Mas a verdade é que surgiram mais apoiantes do que aqueles que eu poderia imaginar. Temos uma equipa sólida e já criamos uma seleção nacional para representar a nação."




Fotos HOM

Artigos complementares:

Women boxers challenge Afghan culture, San Francisco Chronicle, 16/06/2008

Tareq Azim lives family legacy with Afghani Women's Boxing Federation, Hope of Mother, and a desire to give, Boxers & Writters Magazine, 2009

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