No seu "Caderno Afegão", Alexandra Lucas Coelho relata vários encontros com Tareq Azim, durante o mês que passou no Afeganistão, entre 31 de maio e 29 de junho de 2008.
Diz Tareq a Alexandra:
Alexandra observa Tareq, “um corpo masculino no seu auge, com olhos coruscantes e um perfil de águia. Podia chegar no seu cavalo a arrasar tudo como um Gengis Khan”. E constata que ele "tem muitas ideias alternativas para o Afeganistão", construídas entre as suas andanças entre os EUA, onde estudou Ciências Ambientais, e o Afeganistão, o seu país do coração. Diz-lhe Tareq:
"O negócio dele é o agrobusiness", explica Alexandra, "'produtos agrícolas de qualidade, morangos, citrinos, romãs, 34 variedades'. Aposta 'no mercado local, depois no Paquistão e na Índia'. Tem 'novos conceitos para limpar os produtos, dar-lhes outra vida de prateleira. Por exemplo, 'os morangos que vêm da província de Kunar' e antes de os embalar e de lhes dar um preço há que limpá-los, porque '80 por cento do ar tem fezes humanas, devido ao sistema de esgotos'. Mais que limpar, 'é preciso purificar'."
Na América, Tareq podia ter tudo, festas, sexo, raparigas giras. “Mas estou ocupado a salvar o Afeganistão. E é isso que os velhos das tribos veem: 'Ele está aqui.'" Alexandra constata que Tareq não viaja com escolta armada, “como faz toda a gente que pode”.
A curto prazo, este jovem afegão quer reunir dinheiro para os Jogos Olímpicos. Porém, já se sente “medalhado” no dia a dia dos treinos com as meninas que orienta, no estádio de Cabul. A mais nova tem 12 anos, a mais velha 17.
Fotografias do diário de viagem de Alexandra Lucas Coelho no Afeganistão
(Fotos de Tareq Azim nos dias 4, 9 e 13 de junho)
"Tareq é um daqueles afegãos empreendedores que cresceu na América e voltou depois da queda dos talibãs. Tem vários projetos. Um deles é uma equipa feminina de boxe em Cabul. Outro é uma escola feminina em Jalalabad, onde a família dele tem pergaminhos pashtune."O avô materno, Shaw Wali Khan, foi o primeiro comandante de jatos do Afeganistão e braço direito do rei Zahir Shah. O avô paterno, Shawl Pacha, destacou-se como um grande líder tribal do Nuristão (nordeste do país). Esta ascendência familiar molda a personalidade de Tareq e torna-o uma pessoa determinada. “Tareq olha para a frente como um lutador profissional. Este nariz não é só herança, é dos murros no ringue. Este homem é um boxeur e veio para ganhar."
Diz Tareq a Alexandra:
"Vim muito agressivamente em 2004. A terra aqui é honra e estavam a desrespeitar a minha família. Sou um lutador, vim pôr as coisas no lugar. Tive 50 homens a receberem-me no aeroporto. Depois, ao vir para a cidade, vi como as pessoas viviam. Deus criou-me esfomeado pelo Afeganistão. Cresci no legado dos meus avós, mas tive oportunidade de viajar pelo mundo, de ter uma educação, e houve uma hora em que pensei: vou revolucionar o mundo através do desporto. Rapazes e raparigas. A minha aposta são os miúdos abaixo dos 17 anos, as únicas pessoas com o coração puro. Primeiro, um programa de futebol com rapazes e raparigas. Depois, uma federação de mulheres boxeurs. A minha mãe disse: 'Vão matar-te. O Afeganistão não está pronto para isso. Este senhor da guerra vai matar-te'. Mas eu vesti as minhas roupas afegãs, fui visitá-lo, sentei-me no chão e comi com ele: 'Não é tempo de mostrar ao mundo quem somos? Toda a gente está a tentar reconstruir o país, mas é preciso usar o futuro, que são os miúdos'."
Alexandra observa Tareq, “um corpo masculino no seu auge, com olhos coruscantes e um perfil de águia. Podia chegar no seu cavalo a arrasar tudo como um Gengis Khan”. E constata que ele "tem muitas ideias alternativas para o Afeganistão", construídas entre as suas andanças entre os EUA, onde estudou Ciências Ambientais, e o Afeganistão, o seu país do coração. Diz-lhe Tareq:
"Estou a tentar construir a economia local do Afeganistão através da sua indústria, da sua história, da sua agricultura. Senão, seremos escravos do mundo."
"O negócio dele é o agrobusiness", explica Alexandra, "'produtos agrícolas de qualidade, morangos, citrinos, romãs, 34 variedades'. Aposta 'no mercado local, depois no Paquistão e na Índia'. Tem 'novos conceitos para limpar os produtos, dar-lhes outra vida de prateleira. Por exemplo, 'os morangos que vêm da província de Kunar' e antes de os embalar e de lhes dar um preço há que limpá-los, porque '80 por cento do ar tem fezes humanas, devido ao sistema de esgotos'. Mais que limpar, 'é preciso purificar'."
Na América, Tareq podia ter tudo, festas, sexo, raparigas giras. “Mas estou ocupado a salvar o Afeganistão. E é isso que os velhos das tribos veem: 'Ele está aqui.'" Alexandra constata que Tareq não viaja com escolta armada, “como faz toda a gente que pode”.
A curto prazo, este jovem afegão quer reunir dinheiro para os Jogos Olímpicos. Porém, já se sente “medalhado” no dia a dia dos treinos com as meninas que orienta, no estádio de Cabul. A mais nova tem 12 anos, a mais velha 17.
"Rimos, rimos, rimos. Brincamos, brincamos, brincamos. Lutamos, lutamos, lutamos. Depois pergunto-lhes o que querem fazer e elas dizem: 'Eu quero ser cirurgiã ortopédica'. Ou: 'Eu quero ser piloto de jactos'. Desenvolveram a auto estima."Às alunas, Tareq ensina-lhes as técnicas do boxe e dá-lhes dicas sobre como reagirem quando, como Alexandra, surgem jornalistas no ginásio.
“Quando lhes perguntarem ‘O que são? Tajiques, pashtun?’, respondem: ‘Não. Afegãs.’ Quando lhes perguntarem ‘Do que precisam?’, respondem: ‘Obrigada, temos tudo o que precisamos, venham ver a nossa aula de boxe.”
Tinta da China, 2009 |
Fotografias do diário de viagem de Alexandra Lucas Coelho no Afeganistão
(Fotos de Tareq Azim nos dias 4, 9 e 13 de junho)
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